O verdadeiro cornaca do elefante de Saramago
Subhro, o nome do cornaca de Salomão, personagem de A Viagem do Elefante, último romance de José Saramago, é uma homenagem do próprio Saramago ao jovem poeta bengali Subhro Bandyopadhyay, de 30 anos, natural de Calcutá. Subhro é um jovem literato com um refinado sentido de humor, amante da língua e grande especialista das "palavrotas" (obscenidades) em castelhano, como se revelou, enquanto companheiro de viagem, a um almoço nas Rias Baixas, Galiza.
A história é simples: Subhro, que vive actualmente na cidade de Soria, Castilla-la Mancha, onde prepara um doutoramento sobre a obra do poeta espanhol António Machado, conheceu Pilar, a esposa do escritor português. Entre os vários assuntos abordados, estavam os elefantes indianos, que Subhro, como muitas crianças bengalis, conhecia muito bem, desde infância.
Quando Saramago decidiu relatar a viagem histórica do paquiderme indiano Salomão até à côrte do Arquiduque Maximiliano, genro do imperador Carlos V, precisou de um especialista em elefantes indianos. É então que Pilar se lembra do jovem poeta Subhro e iniciam, assim, uma troca de correspondência com vista a saber como dormiam os elefantes, o que comiam, com que regularidade, como e quanto cagavam, como se tratava, etc. E assim, graças ao elefante Salomão, Subhro, o poeta, torna-se em Subhro, o cornaca (tratador) do elefante Salomão, na sua epopeia por terras europeias.