Quinta-feira, 25.12.08

Princezito ao vivo em Lisboa

Saímos do espectáculo deslumbrados. A Marta Lança, a Samira, o Jorge Ramos, a Paulinha, a Carla Isidoro. A noite terminou no "Pescador", Bairro Alto, ao recolher obrigatório das 2h00 imposto por António Costa.

 

Só se falou de Princezito. Uma verdadeira prenda de Natal antecipada. Provavelmente o melhor espectáculo ao vivo, neste momento, de um artista cabo-verdiano. É diferente: canta, conta estórias, o público participa; é inspirado, inteligente e sedutor. No final, sabe mesmo a muito pouco. A Carla mandou e mail logo cedo, no dia seguinte, a agradecer a todos, na falta do Príncipe da Noite.

Ver vídeo de espectáculo Aqui

publicado por Joaquim Arena às 15:56 | link do post | comentar
Sábado, 20.12.08

Tertúlia no Arco do Vasco, Praia de Norte, SV, 2006

 

O vinho, a bafa, a boa conversa: mulheres, livros, filosofia, poesia, cinema, política, vida, sexo e morte... A nostalgia por esses momentos só possíveis numa cidade pequena, numa ilha remota, numa praia deserta; longe do rebuliço da grande cidade e das crises financeiras mundiais. O mar e as gaivotas por perto. Com o Vasco, Tchalê, Germano, Toni Névada, e o saudoso cricologista Varela, comedor de cabeleireiras, à hora do almoço, na sua Antuérpia juvenil.

Foto: Vasco Martins

publicado por Joaquim Arena às 16:11 | link do post | comentar
Sexta-feira, 19.12.08

Tenerife revisitado

 

A curiosidade dos irmãos macaronésios pela literatura crioula dos seus vizinhos parece não ter fim:

 

LA PRIMERA NOVELA DE JOAQUIM ARENA

 

 

(ISLA DE SAN VICENTE, CABO VERDE, 1964), LA VERDAD SOBRE CHINDO LUZ, ES UN RELATO CON TINTES DE NOVELA POLICÍACA DONDE EL ESCRITOR RELATA LA HISTORIA DE UNA FAMILIA CABOVERDIANA EN LOS BARRIOS MARGINALES DE LISBOA. LITERATURA HONESTA Y DIRECTA, LOS RESPONSABLES DE LA EDITORIAL CANARIA EL BAILE DEL SOL NO LO DUDARON UN INSTANTE AL CONOCER EL TEXTO ORIGINAL DE ESTE NARRADOR QUE COMBINA LA LITERATURA CON EL PERIODISMO , LA ABOGACÍA Y LA MÚSICA. LA NOVELA, PUBLICADA EN LA COLECCIÓN MACARONESIA, PLANTEA AGUDAS REFLEXIONES SOBRE LA IDENTIDAD DE LA INMIGRACIÓN , QUIZÁ PORQUE VIVIMOS EN UN TERRITORIO DONDE COMO ESCRIBE SU AUTOR— “EL SOL ES TODAVÍA EL ÚNICO MAESTRO DE LAS SOMBRAS”. 

 

Para quem se interessar, partilho aqui a entrevista na íntegra dada a 3 de Dezembro, a La Opinion, de Tenerife. 

 

  

publicado por Joaquim Arena às 17:07 | link do post | comentar
Terça-feira, 16.12.08

Daddy Grace, o cabo-verdiano que queria ser Deus

Façamos uma lista dos cabo-verdianos mais excêntricos da História. Por muito que pensemos nenhum se poderá comparar ao pastor evangélico "Sweet" Daddy Grace (1881 - 1960), o jovem Carlos Marcelino da Graça, que deixou a ilha Brava, aos 19 anos, para se tornar num dos maiores líderes religiosos da América, no século XX.

 

À data da sua morte, Graça, tornado Grace, morava numa mansão com dezenas de quartos, a sua igreja United House of Prayer for all People (uma espécie de Igreja Universal do Reino de Deus actual) tinha mais de três milhões de fiéis, através dos Estados Unidos. E, last but not least,  deixava ainda uma fortuna avaliada em mais de 80 milhões de dólares.

 

No seu livro "Daddy Grace, A Celebrity Preacher and his House of Prayer", Marie W. Dallam (New York University Press, 2008) põe a nu esta extraordinária vida desta personalidade cabo-verdiana que forjou o seu próprio mito e fez correr, durante anos, rios de tinta nos jornais de Nova Inglaterra.

 

Se já eram conhecidas algumas frases prosaicamente inspiradas de Grace - "Se pecares contra Deus, poderei absolver-te, mas se pecares contra mim nem Ele te poderá salvar!", "Se Moisés um dia aparecesse por aí - apontando para o peito - ele haveria de gostar deste tipo!" - assim como os milagres conseguidos pelas famosas Daddy Grace Tooth Paste (Pasta dos Dentes Milagrosa), a revista Daddy Grace Magazine ("Dores de barriga? É so deitar-se e massajar a barriguinha com a Revista Milagrosa que isso logo passa") ou as Sopas Daddy Grace, e toda a panóplia de merchandising para os fiéis consumidores, o livro de Marie Dallam revela outras facetas curiosas do pastor crioulo.

 

Pela primeira vez, ficamos a conhecer alguns aspectos dos seus primeiros anos na América, da sua família e da sua primeira mulher, bem como dos primeiros empregos que teve, enquanto Marcelino da Graça. Há ainda as acusações de violação, o difícil relacionamento com os filhos, e as férias passadas na sua hacienda de Cuba.

 

Numa época em que a pobreza e a miséria grassavam entre os emigrantes e principalmente a população negra, estavam criadas as condições para os profetas e os salvadores dos bons cristãos. Um pouco por todo o lado surgiam igrejas pentecostais e similares, com pastores ad hoc reunindo em tendas os deserdados da sociedade, aliás como mostra Robert Duvall, no seu recente filme "O Profeta".

 

Depois da crise de 1929, com a ruína de Wall Street e da economia mundial, as massas de miseráveis aumentam, assim como os templos, que vão surgindo como cogumelos, um pouco por todo o lado. Mas nesta altura, já Grace tem lançado as bases da sua House of Prayer, nos estados da Nova Inglaterra, de West Wareham a Charlotte, na Carolina do Norte. E a competição e o choque com outros "salvadores de almas", como era de se esperar, é inevitável.

 

Entre as vários líderes religiosos que se digladiavam pela fé das comunidades negras, estavam Elder Michaux e Father Divine que, para escândalo dos restantes, acabava de se proclamar Deus. Father Divine tinha o  quartel-general da sua organização, chamado "Number one Heaven", qualquer coisa como "Primeiro Céu", em Harlem, Nova Iorque.

 

Em resposta a esta proclamação divina, Grace, irritado, declarou-se ainda mais poderoso do que Divine e Elder Michaux. No entanto, como relata o jornal Afro-American, Grace não tinha muitos argumentos para refutar tão altiva proclamação. Matreiro, o crioulo tornado pastor esperou pela sua oportunidade. E esta chegou quando descobriu que o palacete que albergava o "Primeiro Céu" de Divine era arrendado e que o banco proprietário procurava um comprador para o mesmo. Grace avançou de imediato e fez uma oferta irrecusável.

 

O próximo passo foi anunciar publicamente que iria despejar Father Divine e instalar o seu próprio quartel-general em Harlem, no mesmo palacete. Adiantou que "qualquer membro da outra igreja que queira conhecer a verdadeira palavra do Senhor será bem-vindo..." Quanto a Divine, Grace, num suspiro, expeliu todo o seu sarcasmo: "Não o expulsarei de Harlem... Deixá-lo-ei ficar. Pobre homem... dar-lhe-ei paz e caridade."

 

E a Divine, claro, só lhe restou dar de barato as palavras do rival: " O Reino do Senhor não está...  sujeito a lugares terrenos."

 

Mas Grace aproveitou para arrematar lapidarmente a questão: "Ele, que se proclamou Deus, que vá agora explicar ao seu rebanho como é que Deus Todo-Poderoso pode ser despejado da sua própria casa!"

 

Um repórter do jornal Amsterdam News escreveu, na altura: "Mesmo os anjinhos de Father Divine, atarefados em retirar as mobilias e os tarecos de 'Deus' para fora do seu reino, colocavam-nos no camião de mudanças e observavam, à distância, o homem que, embora não fosse Deus, acabava de expulsar Deus do seu paraíso."

 

O livro de Marie Dallam desvenda ainda um pouco da vida pessoal de Grace: o filho esquizofrénico a monte, durante anos, depois de fugir do hospital psiquiátrico; a morte do filho mais velho num acidente de automóvel, as verdadeiras digressões religiosas, com requintes e caprichos de estrela do music-hall, com fanfarras e cadillacs espampanantes à sua espera em cada uma das cidades. No entanto, um episódio mais caro a nós, cabo-verdianos, não terá sido considerado pela autora.

 

Uma das bases do misticismo residia no facto de ter ele ter "vindo do outro lado do mar" , como gostava Grace de relembrar - característica, aliás, comum à maioria dos profetas. Um aspecto referenciado nas Escrituras, que os fiéis por certo não ignoravam, é que quem fala directamente com Deus, fá-lo normalmente em línguas estranhas, incompreensíveis - "speaking in tongues". Conta-se que durante uma sessão com os fiéis reunidos, Grace, que passara a presidir imperialmente os eventos, como um César - em silêncio, deixando para os seus ministros a rotina litúrgica - reconhecou entre o público um conterrâneo da Brava. De imediato se levantou, agradado, dirigindo-se em crioulo ao velho amigo.

 

Se dúvidas houvesse quanto aos seus poderes, elas dissiparam-se todas naquele preciso momento. 

 

 

 

publicado por Joaquim Arena às 11:51 | link do post | comentar
Domingo, 14.12.08

O verdadeiro cornaca do elefante de Saramago

Subhro, o nome do cornaca de Salomão, personagem de A Viagem do Elefante, último romance de José Saramago, é uma homenagem do próprio Saramago ao jovem poeta bengali Subhro Bandyopadhyay, de 30 anos, natural de Calcutá. Subhro é um jovem literato com um refinado sentido de humor, amante da língua e grande especialista das "palavrotas" (obscenidades) em castelhano, como se revelou, enquanto companheiro de viagem, a um almoço nas Rias Baixas, Galiza.

 

A história é simples: Subhro, que vive actualmente na cidade de Soria, Castilla-la Mancha, onde prepara um doutoramento sobre a obra do poeta espanhol António Machado, conheceu Pilar, a esposa do escritor português. Entre os vários assuntos abordados, estavam os elefantes indianos, que Subhro, como muitas crianças bengalis, conhecia muito bem, desde infância.

 

 

Quando Saramago decidiu relatar a viagem histórica do paquiderme indiano Salomão até à côrte do Arquiduque Maximiliano, genro do imperador Carlos V, precisou de um especialista em elefantes indianos. É então que Pilar se lembra do jovem poeta Subhro e iniciam, assim, uma troca de correspondência com vista a saber como dormiam os elefantes, o que comiam, com que regularidade, como e quanto cagavam, como se tratava, etc. E assim, graças ao elefante Salomão, Subhro, o poeta, torna-se em Subhro, o cornaca (tratador) do elefante Salomão, na sua epopeia por terras europeias.

 

publicado por Joaquim Arena às 14:29 | link do post | comentar
Quarta-feira, 10.12.08

Conferencistas de serviço

Com Jorge Arrimar, poeta e historiador (Planalto dos Pássaros) e Eduardo Bettencourt (Travelling with Shadows, editor da revista Seixo), poeta, ambos angolanos, companheiros nas Canárias e na Galiza. O primeiro radicado em Lisboa e o outro na longínqua e fria ilha de Vancouver, Canadá. Exímios na habla portunhola...

publicado por Joaquim Arena às 15:03 | link do post | comentar

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